Os catadores e recicladores são elos importantes no ciclo de vida do lixo urbano. Trata-se de Educação Ambiental que se inicia dentro de casa e termina no reaproveitamento dos materiais nas indústrias. Na CEAR (proponente – leia post abaixo) os(as) cooperativados(as) selecionam o que é aproveitável , “por assunto” : embalagens plásticas, tampas, vidro, papel,etc. A renda serve à sobrevivência de suas famílias, cujas necessidades, obviamente, são as mais básicas e prementes.
Trabalham num galpão cujo teto está danificado : faltam telhas e há muitas telhas quebradas. Conferir nas fotos.
Faltam luvas apropriadas para a seleção de materiais aproveitáveis, misturadas a dejetos orgânicos, fraldas, tampões, comida, etc. O cheiro é pungente. Os cooperativados não utilizam máscara, nem botas de borracha. São luxo que o lixo não alcança adquirir.
Perguntamos quais as prioridades, uma delas respondeu : ” – Vale-transporte. A gente caminha até a Ilha da Pintada, no verão e na chuva é ruim.”
Qual a conexão entre a CEAR e a oficina no presídio? Talvez vocês possam ajudar nessa resposta.
Vemos vidas à margem das possibilidades dignificantes extraídas da Constituição Federal, tanto no galpão de reciclagem quanto nos locais onde estas pessoas moram. A sociedade em geral gosta de se utilizar de máximas que, aparentemente, resolvem todas as dúvidas, como : ” É pobre, MAS é trabalhador”. Fico sem saber a que se refere a conjunção MAS, se é a POBRE ou se é a TRABALHA(DOR)…
A realidade é que esses(as) recicladores(as) são conexos ao presídio na medida que todos(as) têm um afeto ou um familiar domiciliados em presídios no Estado.
Afora esse aspecto (que não interessa àqueles a quem devia interessar) tanto na oficina de colagem quanto no galpão, se trabalha com escolhas, seleções, fragmentos, (re)alocação de “coisas”. Excetuando a liberdade de ir e vir, os atores desse projeto vivem num cenário árido, mal cheiroso, triste. Nenhum(a) reciclador(a) autoriza a publicação de suas imagens no trabalho. Me pergunto o que falta para esse tipo de trabalho se tornar dignificante, a tal ponto que tais trabalhadores sintam orgulho do que fazem.
Muitas perguntas. É essa a conexão.
Fotos: André Vargas dos Santos